Nasci e fui batizada, recebia comunhão, estudava em colégio católico, e fugia a qualquer oportunidade de ir à Igreja no domingo, como qualquer família católica brasileira.
Mas diferente dos outros membros de minha família, nunca aceitei piamente os dogmas, doutrinas e regras da Igreja Católica. Estava convencida de que essa não era a minha religião.
Eu acreditava, por exemplo, em espíritos e reencarnação. E isso não combinava com o catolicismo. Então eu tinha que encontrar uma religião que se adaptasse às minhas idéias (divertido isso, não? mas nada fácil).
Acabei lendo de tudo um pouco, e sempre procurava livrarias um pouco "diferentes". E foi passando por uma dessas que comprei meu primeiro exemplar de "O Livro dos Espíritos". Não tinha a menor idéia do que se tratava, mas o título me chamou a atenção.
Durante um tempo, me acreditava agnóstica, até que procurei saber do que se tratava exatamente, e discordei da definição.
Fui um dia convidada pra uma "festa" (sim, com esse termo - festa) em uma Igreja Evangélica. Nunca tinha me sentido tão "peixe fora d'água". Estava absolutamente desconfortável. Mas parecia que aquilo não acabava nunca. E que gritaria! Dava a entender que Deus era surdo. E o mesmo se dava com aniversários, células e casamentos. Puxa! Foi mais uma religião que risquei do meu caderninho.
Depois tentei estudar sobre Wicca. Me pareceu bastante aceitável durante minha adolescência. Uma Deusa que era a mãe natureza. A possibilidade de fazer magias e feitiços... Aos poucos fui praticando menos, e a paixão foi se dissipando.
Mas foi estudando um livro sobre tarô que certa vez me deparei com o conceito de egrégora. Esse novo conceito me fez refletir por muitos anos ainda, e comecei a pensar que talvez eu fosse atéia. Me parecia um pouco difícil crer em algo ou alguém muito poderoso que pudesse ter criado tudo. Era muito mais fácil crer que seria uma "idéia", talvez uma "egrégora" criada pela necessidade que as pessoas tinham em se sentirem confortadas, sentir que existia alguém zelando por elas.
Eu não me importava com morrer e "desaparecer". Passou a não me incomodar. Digo isso porque na infância, a simples menção da palavra "morte" me fazia chorar. Mas por incrível que pareça, esse sentimento de que ao morrer eu simplesmente deixaria de existir, me deu ânimo na vida. Me deu forças pra construir a melhor vida possível, e dar importância a cada coisa boa que acontecesse.
E por um tempo, esqueci sobre reencarnação e espíritos. Minha dúvida maior era "será que acredito em Deus?" e "será que Deus existe?".
Nesse meio tempo, uma amiga da especialização médica me convidou a participar com ela de um culto espírita. Era na Federação Espírita de Goiás, uma instituição respeitadíssima, mas da qual eu nada sabia. E como a maioria dos criados em lares católicos, eu achava que esse negócio de mexer com espíritos era coisa perigosa. Mas eu sempre tive a mente muito aberta a novas experiências. Sempre preferi conhecer antes de julgar. E como eu estava mesmo em busca do meu caminho, aceitei ir.
Falaram um pouco sobre Jesus (que nessa altura do campeonato eu considerava mais como "um cara muito legal mas que sofreu um bocado"), então nem o "Pai Nosso" eu gostava mais de rezar, então não rezei com eles. E depois nos encaminharam para receber passes. Tá, que que é passe? Ah, é energia. Vai fazer você se sentir melhor... Bom, puseram a mão sobre minha cabeça, disseram algumas coisas, mas eu não senti nada. Ao final de tudo, achei que tinha valido a experiência, mas que aquele negócio não era pra mim.
Um tempo depois, viajei com essa mesma amiga, e houve um dia durante a viagem, em que os familiares se reuniram na sala, e me convidaram a participar. Tendo participado certa vez de uma "Célula Evangélica", podem imaginar que fiquei com um pé bem atrás. Mas eles se reuniram, leram uma passagem de um livro e depois conversaram a respeito. Teria sido até legal se eu tivesse prestado atenção. Eu só queria saber que hora iríamos pra praia.
Em uma festa de aniversário (que eu e meu irmão sempre comemorávamos juntos), um amigo nosso de infância nos deu livros de presente. Meu irmão ganhou um exemplar de "O Livro dos Espíritos" e eu de "O Evangelho Segundo O Espiritismo". Logo lembrei do culto lá na Federação, e nem nunca abri o livro. Eu tinha outras coisas pra ler. Muitos e muitos livros de medicina.
Bem, consegui uma vaga para fazer uma subespecialização no Rio de Janeiro. Apesar da proximidade com o mar que amo, não foi um ano muito bom na minha vida. Bom, foi o pior: a maior parte de 2010 e o início de 2011 foram meu "inferno na Terra" (por falta de uma melhor expressão). Mas no início de 2011 conheci um rapaz e começamos a sair. Ele me disse que era espírita, mas de um tipo diferente. Ele mexia também com umbanda (pra mim as duas eram coisas diferentes, e umbanda pra mim era macumba), mas quando você está no início de um namoro, e está apaixonada, certas coisas você ignora. Depois ele começou a me falar muito sobre a entidade que ia no centro dele. Dizia que a entidade era um médico quando vivo, e que curava muita gente no centro. E depois de me contar histórias durante alguns dias, perguntou se eu não gostaria de tentar resolver o meu problema da coluna lá com ele. E como minha coluna vinha mesmo me incomodando há alguns anos, pensei que não haveria mal tentar algo diferente.
No centro todos vestiam branco, os pacientes ficavam deitados em macas em círculos, e iam alternando sua vez. Quando me deitei, pessoas de branco atrás de mim ficavam rezando nas minhas costas (pra mim), e depois o senhor que incorporava a entidade conversou um pouquinho comigo, e fez um pouco de osteopatia nas minhas costas. As estraladas foram bem gostosas, mas não fez minha dor passar.
Voltei pra Goiânia, e para a casa dos meus pais. E se tínhamos atrito antes, voltar a obedecer às regras dos donos da casa, não ajudou muito. Fiz muita terapia com uma psicanalista que me ajudou muito. Pelo menos parei de começar as brigas. Foi então que conheci o anjo do meu noivo, que veio me resgatar, e fui morar com ele. Só que apesar de muito feliz com ele, e melhor com minha família sem atritos tão constantes, algo não estava certo. Eu não estava bem comigo.
Foi aí que na nossa casa, muita coisa começou a dar errado. Todas as plantas morriam, peixes de aquários diferentes morriam ao mesmo tempo, eu vivia doente, meu noivo também, e o coitado do meu cachorrinho ficou cego de um olho! Após seis meses morando juntos, era réveillon e fomos passar com duas amigas minhas. Contando um pouco sobre essa nossa vibe meio negativa, nos sugeriram ir ao centro de umbanda de uma delas. Como nesse ponto eu já tinha até me esquecido sobre a entidade que estralou minhas costas, minha amiga me explicou como era a experiência dela no centro, e me recomendou ir também.
Bom, como eu já tinha tentado de tudo mesmo, não custava tentar também um "terreiro", e fomos lá os três: eu, meu noivo e a outra amiga, que não conhecia o centro ainda. Nós dois entramos juntos, e fomos conversar com um médium, mas que falava um "banhanês" bem difícil de entender. Perguntava sobre nossa "baia", nosso "trabuco", e falou pra gente proteger os dois com uns pulinhos e uma frase mentalizada, e depois me perguntou se eu era médium. Eu entendi "médica", e respondi que sim. Então me perguntou e eu estava estudando, e eu disse que não, mas deveria. Ela me disse que eu tinha que estudar. Ué, tudo bem, né?! Vamos estudar. E no final ela nos pediu pra fazer uma corrente. Queria que escolhêssemos um dia na semana, e durante 5 semanas consecutivas deveríamos voltar lá, sempre nesse dia.
Conversando com meu noivo na saída, concluímos que o único dia que poderíamos ir os dois, seria sempre às terças. Justo o dia destinado às consultas com entidades. E em uma dessas voltas ao centro, a mesma médium, mas agora sob influência de outra entidade, me perguntou de novo "você é médium?". E agora já sabendo do que se tratava, eu respondi "não, não sou", ao que ela me retrucou "sim, você é sim. Médium de incorporação. Só precisa estudar".
Nossa, que desespero! Eu precisava estudar pra poder receber espíritos dentro de mim? Que loucura! E antes de ficar apavorada de vez, resolvi perguntar opinião das pessoas, e talvez ler um pouco. E acontece que desabafando com a minha professora na academia, ela me sugeriu conversar com um aluno dela, que era médium, e que teria o maior prazer em esclarecer minhas dúvidas.
Ah, um anjo!! Depois que esse anjo me sentou durante várias horas, e me fez um resumão sobre espiritismo e sobre umbanda, todos os meus medos e dúvidas se dissiparam. Até mesmo "Deus" começara a fazer sentido pra mim ali, naquela hora. Me sugeriu começar a minha leitura por "O livro dos espíritos". Ao que respondi: esse vai ser fácil, tenho 3 em casa! (já que meu noivo também tinha uma cópia na casa dele).
Meus olhos se abriram, e descobri uma nova realidade. Parece que com todo esse papo de evolução, caridade, resignação e vidas passadas, eu finalmente me encontrei, e a vida ganhou um novo sentido. Afinal, agora tudo tinha os seus "quês" e "porquês". É até um pouco difícil explicar o que a gente sente quando tudo passa a fazer sentido. Dá muita vontade de espalhar e contar pra todo mundo. A gente quer que todos passem pela mesma experiência maravilhosa que a gente passou.
Meu intuito com esse texto enorme era permitir que vocês me conheçam um pouco, tenham um primeiro contato com a doutrina, e mostrar pra vocês que muitas vezes o Espiritismo nos "chama". Esse foi o meu chamado. Quem sabe o seu não seria ler a história de uma pessoa que vocês não conhecem em um blog totalmente novo?
Hoje acabo de terminar a leitura do primeiro livro, de capa a capa. E mal posso esperar pra devorar os próximos.
Convido-os a começar essa jornada comigo.
Olá Lolly,
ResponderExcluirTudo bem?
Tentando entender o que esta acontecendo comigo, acabei aqui, estou certamente SENTINDO tudo e todos, estava tão atormentada por procurar um caminho em que me encaixava, pesquisas sobre religiões, me questionava o tempo inteiro sobre tudo e todos, sobre erros e acertos, e eu acabei de descobrir que eu sou a resposta, está em mim, como eu pude questinar DEUS como eu pude não compreender antes que e eu sou a imagem e semelhança a DEUS, todos somos um.
Que bom que você se encontrou! A busca costuma ser um tormento. Se eu puder contribuir ou te ajudar de qualquer forma, não hesite em avisar. 😘
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