"Se o Espiritismo não viesse em auxílio dos pesquisadores, demonstrando-lhes as relações que existem entre o corpo e a alma e dizendo-lhes que, por se acharem em dependência mútua, importa cuidar de ambos. Amai, pois, a vossa alma, porém, cuidai igualmente do vosso corpo, instrumento daquela. Desatender as necessidades que a própria Natureza indica, é desatender a lei de Deus. Não castigueis o corpo pelas faltas que o vosso livre-arbítrio o induziu a cometer e pelas quais é ele tão responsável quanto o cavalo mal dirigido, pelos acidentes que causa. Sereis, porventura, mais perfeitos se, martirizando o corpo, não vos tornardes menos egoístas, nem menos orgulhosos e mais caritativos para com o vosso próximo? Não, a perfeição não está nisso: está toda nas reformas por que fizerdes passar o vosso Espírito. Dobrai-o, submetei-o, humilhai-o, mortificai-o: esse o meio de o tornardes dócil à vontade de Deus e o único de alcançardes a perfeição. -- Jorge, Espírito protetor (Paris, 1863)" (in O Evangelho Segundo O Espiritismo, Capítulo XVII, nº 11)
Havia pessoas que criam que flagelar o corpo, purificava suas almas. Esse trecho do Evangelho veio nos dizer o contrário. Ficaria um pai contente se ao dar de coração um carro ao filho para que pudesse auxiliá-lo em suas idas e vindas, e esse filho estragasse propositalmente o carro? Por que haveria Deus de se contentar que se estragassem de livre vontade o instrumento que nos deu, e assim ficássemos impossibilitados de ajudar aos outros (motivo pelo qual recebemos este maravilhoso instrumento). Cuide, pois, do presente que recebeste.
Todavia se, no ato da caridade, ocorrer de ficarmos doloridos, cansados, ou mesmo perdermos um membro, ou até a vida, nosso instrumento terá sido usado com propriedade, e teremos tomado um grande passo a caminho da evolução.
A alma, no entanto, o nosso espírito, esse sim devemos flagelar. Devemos impô-lo as mais difíceis tarefas. Devemos moldá-lo à perfeição. Fazê-lo passar por humilhações e martírios. Cansá-lo. Domá-lo. Para que só as mais puras vontades predominem nele.
Cuide do corpo, e flagele a alma. Esse é o caminho.
"Vós, porém, que vos retirais do mundo, para lhe evitar as seduções e viver no insulamento, que utilidade tendes na Terra? Onde (fica) a vossa coragem nas provações, uma vez que fugis à luta e desertais do combate? Se quereis um cilício, aplicai-o às vossas almas e não aos vossos corpos; mortificai o vosso espírito e não a vossa carne; fustigai o vosso orgulho, recebei sem murmurar as humilhações; flagiciai o vosso amor-próprio; enrijai-vos contra a dor física Aí tendes o verdadeiro cilício cujas feridas vos serão contadas, porque atestarão a vossa coragem e a vossa submissão à vontade de Deus. -- Um anjo guardião. (Paris, 1863)"(in O Evangelho Segundo O Espiritismo, Cap. V, nº 26)
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